O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) está trabalhando com o governo nigeriano para desenvolver o Rebuilding Ngarannam, um programa de estabilização no nordeste da Nigéria que oferece uma nova vila a uma comunidade desabrigada pelo grupo radicai islâmico Boko Haram. O novo plano urbano e infraestrutura foram projetados pela arquiteta nigeriana Tosin Oshninowo, que consultou a comunidade para criar um assentamento que reflita e dialogue com sua cultura. A primeira fase, que inclui habitação e serviços essenciais, como educação e saúde, deve ser concluída no verão de 2022.
Ngaranam foi identificado como um local ideal para testar o programa de expansão do município. A comunidade sofreu extensa destruição e deslocamento após os ataques do grupo Boko Haram em 2015. O governo identificou este como um local prioritário devido ao forte desejo dos membros da comunidade de retornar. O programa espera apoiar as comunidades que querem voltar para casa e criar condições para a prosperidade e sustentabilidade. Quando concluído, o projeto incluirá aproximadamente 500 unidades habitacionais, um mercado, posto de saúde, centro comunitário, escola primária e alojamento para os professores, um posto policial junto com residência e instalações de saneamento, todos movidos a energia solar e totalmente equipados.
A ideia dos “Lares para Ngarannam” era projetar uma cidade mais intimamente relacionada à cultura Kanuri/islâmica do que os programas existentes que foram executados no Estado. O projeto da unidade habitacional dá atenção especial à preferência da comunidade pela aparência, sensação e cor da intervenção. Uma adaptação especial foi a adição do Zaure, uma sala de recepção tradicional, fundamental para a cultura Kanuri/islâmica, que separa as áreas públicas e privadas da casa.
O projeto também determina a rede viária, especificando o traçado e a largura de cada rua, a localização, o caráter de todos os espaços abertos e a posição dos monumentos e edifícios de serviço público. Um dos principais recursos de projeto é um pavilhão de sombreamento adaptável que pode ser desenvolvido e construído organicamente pela comunidade local fornecendo áreas sombreadas para reuniões sociais e um espaço para as barracas do mercado de rua.
Este projeto representa uma priorização do design centrado no ser humano quando se trata da reconstrução de comunidades. Com ele espera-se demonstrar que o desenho intencional em projetos humanitários pode ajudar a restaurar abrigos, reconstruir comunidades e restabelecer um modo de vida, cultura e tradições. A arquiteta responsável, Tosin Oshinowo, é conhecida por defender o design culturalmente apropriado que celebra o contexto da África Ocidental. Ela é a fundadora e diretora do cmDesign Atelier (cmD+A) estabelecido em 2012, em Lagos. Os projetos de Oshinowo incorporam uma perspectiva contemporânea do design africano e do afro-minimalismo: um reflexo responsivo da posição da arquitetura priorizando a sustentabilidade e a resiliência. Ela também é curadora da 2023 Sharjah Architecture Triennial.